De acordo com o IBGE, em 2018 aproximadamente 1 a cada 5 empresas fecharam no país. Os motivos que levam uma empresa a fechar suas portas não são únicos. Normalmente são resultado de uma combinação de ações que, em conjunto, levam ao declínio da receita, aumento da dívida e por fim a falência.
Sabemos que os caminhos do empreendedorismo no Brasil não são fáceis, mas há algumas coisas que você, empreendedor, pode estar fazendo que colocam em risco a continuidade do seu negócio. Para ajudá-lo a perceber onde estão as possíveis ameaças à sua empresa, explicamos neste artigo os 8 erros mais comuns de gestão que podem levar seu negócio à falência.
8 FORMAS DE QUEBRAR UMA EMPRESA
- Falta de PLANEJAMENTO
O principal erro de gestão é a falta de planejamento. Muitos empreendedores iniciam seu negócio por impulso (ou necessidade) e negligenciam esta etapa. À medida que a empresa começa a rodar, fica comum a sensação de “estar apagando incêndio” o tempo todo.
Os problemas surgem, mas a causa não é tratada e as soluções não visam o alinhamento com o objetivo da empresa. Sem saber para onde o negócio deve ir, as decisões são tomadas de forma impulsiva e os resultados (bons ou ruins) dependem somente da sorte.
- Falta de PESSOAS DE CONFIANÇA para tocar o negócio
O problema de pessoas nas organizações inicia-se nos processos de recrutamento e seleção, que são menosprezados por grande parte dos empresários. A maioria das empresas atua de forma passiva nos processos de recrutamento, recebendo currículos e selecionando candidatos dentre os currículos que recebe. Muitas vezes, não há busca ativa de candidatos em canais diversificados (sites de vagas ou Linkedin, por exemplo) o que diminui drasticamente a quantidade de pessoas que podem ser contratadas.
Outra questão importante é a ausência de sucessores do negócio. A falta de um plano de desenvolvimento para as pessoas da equipe é o principal fator que desencadeia este problema, visto que as pessoas são contratadas, porém não sabem o que é esperado delas e nem onde podem chegar na empresa.
Além disso, muitas empresas também enfrentam dificuldades no trato com os funcionários, evitando demitir colaboradores “ruins” e ao mesmo tempo não elogiando ou enaltecendo as qualidades de colaboradores “bons”. Pensando assim, qual a motivação para que os seus funcionários “bons” sejam cada vez melhores?
- POUCAS INFORMAÇÕES sobre o desempenho da empresa
Se você está cometendo o erro número 1 (falta de planejamento), este é um problema que naturalmente ocorrerá como consequência disso. Sem a definição de onde se quer chegar, também não é possível quantificar se você se encontra mais perto ou mais longe deste objetivo.
Outros pontos que contribuem para este problema: falta de definição de indicadores que quantifiquem o desempenho da empresa (KPIs), não ter ferramentas para acompanhamento destes indicadores ou não alimentar estas ferramentas e por fim, não analisar de forma frequente os indicadores.
Sem a análise e acompanhamento de indicadores, você não sabe se a sua empresa está indo bem ou mal e se não sabe, não tem como tomar uma decisão.
É comum que empresas paguem por ferramentas que as ajudariam a analisar estes indicadores, mas por problemas no preenchimento de dados do sistema (por negligência de funcionários ou por falta de interesse do próprio empreendedor em preenchê-las), as informações acabam sendo pouco confiáveis e a análise impossível de ser feita.
Ter um sistema de monitoramento de indicadores e não o alimentar corretamente é o mesmo que ter um carro e não colocar gasolina para fazê-lo funcionar.
- Falta de TREINAMENTO
Outro ponto da gestão de pessoas que pode comprometer a continuidade do seu negócio é negligenciar a necessidade de aprendizagem contínua dos seus funcionários e colaboradores. Com a falta de capacitação dos funcionários, a empresa fica desatualizada em relação ao mercado e essa desatualização ao longo do tempo coloca em risco a própria empresa.
Um erro muito comum é a falta de definição dos conhecimentos necessários para cada cargo atrelado a um plano de treinamentos em grupo e/ou individual para desenvolvimento dos funcionários de acordo com as necessidades da empresa. Sem esse direcionamento, cada colaborador estuda o que quiser, e se quiser, sem alinhamento com os objetivos da organização.
Vale lembrar que o estímulo ao estudo e desenvolvimento individual não precisa ser necessariamente um custo para a empresa, visto que há muitos conteúdos gratuitos disponíveis (Youtube e Google, por exemplo) que podem ajudar nesse processo.
O estímulo ao estudo e desenvolvimento traz somente benefícios às organizações, pois possibilita o aumento da produtividade, desenvolvimento de melhorias nos produtos e serviços e por fim, o aumento no lucro da empresa. O risco de um funcionário sair da empresa após se capacitar só será válido se ele estiver infeliz na sua empresa, e isso não depende da capacitação ou não, mas sim da sua gestão da equipe.
- Falta de CLIENTES
Você sabe quem é o SEU cliente ideal? Quando a empresa não sabe para quem está vendendo (sua persona) ela acredita que pode vender para todo mundo. É importante lembrar que “quem tenta agradar a todos acaba agradando a ninguém”. Tentar vender para todo mundo é um “tiro no pé”, pois além de enfraquecer o relacionamento com os clientes que realmente importam, você ainda aplica tempo (e dinheiro!) em ações que não trarão resultados significativos para o seu negócio.
Sem a definição da proposta de valor do seu produto e diferenciais em relação à concorrência, o processo de venda acontece sem controle algum e coloca a empresa na eterna briga pelo menor preço. A falta de um diferencial, além do preço, é o que pode fazer a empresa fechar as portas com o passar do tempo, visto que à medida em que os concorrentes se aperfeiçoam, o seu produto vai ficando para trás.
Além disso, ainda podemos destacar: falta de definição dos canais de venda ideias (e a melhor forma de utilizá-los), falta de estruturação do processo de vendas e a falta de atenção ao pós-vendas – muito importante para fidelização do cliente.
- Falta de CAIXA
“O lucro da empresa é o mesmo que a água para o corpo humano. O caixa da empresa é o mesmo que o oxigênio para o corpo humano. Você consegue ficar com sede por algum bom tempo, mas não consegue ficar sem oxigênio por mais que alguns minutos.”
Mesmo sendo o resultado de vários problemas de gestão, a falta de caixa é o fator determinante para a falência de uma empresa. Sem caixa não é possível pagar fornecedores, produzir e, por consequência, vender. Uma vez que algum fornecedor lhe coloca “em protesto”, seu nome fica sujo e acaba bloqueando suas compras para todos os demais fornecedores, ou seja, trava o funcionamento da sua empresa.
Para evitar isso, o caixa deve ser gerido de forma muito séria. Muitas empresas não fazem isso e acabam tendo muito mais dificuldades para resolver seus problemas do dia a dia. Dentre os componentes que resultam na falta de caixa, podemos destacar: falta de controle do fluxo de caixa, utilização das contas da empresa para pagamento de contas pessoais do empresário, falta de controle do processo de cobrança de clientes (contas a receber), resistência à tomada de crédito em bancos e falta de acompanhamento do lucro líquido ao fim de cada mês.
Muitos empresários reclamam que não possuem dinheiro para investir (alguns não tem nem mesmo para pagar a rescisão dos funcionários “ruins”) e acabam ficando ainda mais estagnados por causa disso. Resolva os problemas citados acima e você terá muito mais controle sobre o seu negócio e sobre o dinheiro disponível para resolver os “incêndios” do dia a dia da empresa.
- Não se PROTEGER da legislação trabalhista e tributária
Apesar da legislação procurar equilibrar as forças para manutenção de um ambiente justo, ela acaba por ameaçar principalmente o pequeno empresário que desconhece como funciona o mundo jurídico. É importante se proteger de possíveis riscos relacionados à legislação trabalhista e tributária, visto que a cobrança de juros e multa pode arruinar o caixa da sua empresa.
Um dos erros mais comuns e que aumenta a exposição da empresa ao risco é a venda de produtos/serviços sem emissão de nota fiscal. Mesmo que isto eleve momentaneamente seu lucro líquido, o risco de ter problemas no futuro e ter que resolvê-los em pouco tempo não compensa.
Para pequenas empresas ainda há a possibilidade de perder o direito ao Simples Nacional e benefícios tributários concedidos por ele. Nesses casos, a empresa estará obrigada a pagar uma alíquota maior de imposto, aumentando o gasto com tributos no longo prazo. Soma-se a isso a menor oferta de crédito, já que bancos utilizam o faturamento da empresa para calcular o crédito disponível e com faturamento menor (devido à falta de emissão de nota fiscal), o limite disponibilizado pelo banco também será menor. Estude boas opções de planejamento tributário junto do seu advogado e contador para que você pague menos impostos sem sonegar impostos. A simples mudança de enquadramento do seu negócio pode reduzir consideravelmente suas despesas tributárias.
Outro erro é a contratação de funcionários “por fora” e em desacordo com a legislação. Como só podemos confiar em um número muito pequeno de pessoas, contratar “por fora” não compensa o risco. Sendo assim, vale mais a pena arcar com o custo do funcionário com todos os direitos trabalhistas do que no futuro receber uma multa que pode comprometer a continuidade da empresa. Vale lembrar que com as recentes flexibilizações da legislação trabalhista, é possível diminuir consideravelmente o custo dos funcionários e ainda assim estar de acordo com as regras da CLT.
Para gastar menos sem correr riscos, consulte seu advogado para suas contratações. Existem algumas formas de contratação de mão de obra via PJ, porém você precisará estar muito atento às condições que permitem isso ser feito.
- EXCESSO DE GASTOS que não geram valor ao cliente
Gastar muito com despesas (que não geram valor ao cliente) é muito comum e pode colocar a sua empresa em risco no futuro. Os gastos devem ser pensados para otimizar custos (que compõem o valor percebido pelo cliente) e investir em melhorias no produto de acordo com a demanda de seus clientes. Se você investe no produto sem que o cliente aceite pagar mais por isso, o valor gasto foi desnecessário, visto que não gerou retorno à empresa.
Também são sintomas deste erro: não trabalhar em melhorias de processos e aumento da produtividade, investir muito no longo prazo e desconsiderar as demandas de investimento em curto prazo e não considerar o fluxo de caixa no momento das compras e investimentos.
Sabendo das principais formas de quebrar uma empresa e os riscos que você possivelmente está correndo, o que você acha de analisar os processos do seu negócio, além do seu papel como empresário, e resolver todos esses problemas de forma estruturada?
Na Diferencial possuímos uma série de ferramentas de gestão e conhecimentos aplicados para lhe ajudar a resolver esses problemas e direcionar o seu negócio para o que importa. Fale com a gente para saber mais!